Dois anos mais tarde

Há quase dois anos que não escrevia neste blog e há tanto que tenho para contar!

Não parei de escrever porque deixou de haver “ires” e “voltares”. Parei de escrever porque vim para o Quénia, África, e achava que não conseguia colocar em palavras o que vivo aqui. Mas a partir de hoje vou tentar.

Então, a partir de hoje, é daqui que vos escrevo: do Quénia, país maravilhoso que me escolheu e acolheu.

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The Great Rift Valley, Kenya

Ao fim de quase dois anos ainda não sei, claramente, se África tem sido boa ou má para mim.

Em Maio de 2014 enchi duas malas com livros, marcadores, roupas e brinquedos e pelas 8 horas da manhã despedi-me da minha família. Saí de Amarante com planos de não voltar durante um ano.

Encontrei-me com a Rita na Estação de Campanhã, no Porto, e apanhámos o comboio para Lisboa. Falamos a viagem toda. Antes desta manhã, só nós tínhamos visto uma vez e acho que ficamos amigas desde esse dia.

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A Rita e eu, no dia em que nos conhecemos

Ela já tinha estado Quénia no ano anterior, mas em Mombasa, o sítio com as praias mais bonitas que eu alguma vez vi. Sabia mais ou menos para onde estava a ir. Eu não sabia. Só tinha estado durante uma semana em Marrocos, e Marrocos costuma dizer-se que não é África.

Como dizia, falámos durante toda a viagem Porto-Lisboa, o que mais tarde, já no Quénia, se repetiu por muitas vezes. Parecia que sempre que entrávamos em algum transporte público tínhamos todos os assuntos para falar, imensas ideias para pôr em prática, histórias da nossa infância, liceu e faculdade. Debatíamos para encontrarmos a melhor forma de mudar o mundo. Nunca chegamos a grandes conclusões.

Naquele comboio, falávamos alto – de entusiasmo – como se quiséssemos dizer a todos os passageiros que dali a nada estávamos a apanhar um avião para o Quénia, a 9000 km de distância de Portugal, para mudar as vidas de crianças.

E as nossas também.


“Há ir e voltar” foi criado bem antes de eu vir para o Quénia fazer voluntariado. Foi a necessidade de mais “mundo nos olhos” que me fez criar este blog. Em baixo podem encontrar alguns textos que escrevi quando andava de mochila às costas e botas nos pés.

“Há ir e voltar” continua a fazer sentido. Há dois anos que estou a fazer a viagem da minha vida e eu quero contar-vos esta história.

 


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